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Parece asneira, mas é verdade. O capitalista dinamarquês J. C. Jacobsen fundador da cervejeira Carlsberg fez uma fortuna colossal na segunda metade do século XIX com a sua empresa que hoje é proprietária de todas as fábricas portuguesas de cerveja e muitas centenas no Mundo.
Em 1876, Jacobsen criou uma Fundação para o desenvolvimento da ciência com um capital de um milhão de coroas dinamarquesas.
Nos anos vinte e trinta do século XX, o notável físico dinamarquês Niels Bohr passou a ser financiado pela fundação Carlsberg que recebeu muito mais dinheiro e a própria enorme mansão do milionário que serviu para residência do físico e dos muitos físicos que convidava para seminários e congressos ou simples discussões sobre a física do átomo. Um dos frequentadores habituais da mansão foi Albert Einstein, apesar Bohr não comungar das ideias do então físico alemão.
A Niels Bohr deve-se a descrição do chamado átomo quântico ou apenas átomo com o seu núcleo de protões e neutrões e os orbitais de eletrões. O termo quântico resulta de que as dimensões ínfimas existentes nos átomos obedeciam a múltiplo da constante de Planck que determinou dimensões insuscetíveis de serem menores.
A matéria é constituída por átomos quânticos e seus isótopos com diferentes números atómico ou número de neutrões, sendo radioativos e emissores da radiações alfa, gama e neutrónica.
A partir desta arquitetura estabelecida definitivamente por Niels Bohr descobriu-se que a compressão de átomos radioativos, principalmente de urânio U 238 enriquecido com o seu isótopo instável U 235 podia provocar-se uma reação de fissão produtora de calor quando controlada com barras de grafite que absorvem neutrões em excesso, já que estes aumentam a capacidade dos seus átomos vizinhos para se desintegrarem.
Sem o controle e sob a compressão produzida por explosivos convencionais num tubo ou bola de aço muito forte dá-se a tenebrosa explosão atómica.
Com o dinheiro da cerveja Carlsberg, Niels Bohr pôde trabalhar à vontade sem a obrigação de dar aulas numa universidade ou prestar contas seja a quem for. Bastou que tivesse ganho o prémio Nobel para ser um pesquisador livre.
Claro, nem a Carlsberg, nem Niels Nohr, pensavam numa bomba, mas nos anos trinta deu a conhecer as suas descobertas que foram aproveitadas pelo físico alemão Otto Hahn para experiências com miligramas de Urânio.
Otto Hahn não viu nas suas experiências a possibilidade de fazer uma arma, mas a sua assistente Lise Meitner viu e foi para os EUA com os resultados das pesquisas de Bohr e Hahn, convencendo Albert Einstein, então nos EUA, a escrever ao presidente Roosevelt da possibilidade de fazer uma bomba que iria destruir uma cidade inteira ou duas no Japão.
Roosevelt perguntou a um dos seus assistentes quem era esse senhor Einstein. Disseram-lhe que era um físico que tinha ganho dois prémios Nobéis. De imediato, Roosevelt convocou um conselho científico com os cientistas das forças armadas dirigidos pelo general Grooves e um a dois anos antes do início da guerra de 1939 decidiram iniciar o célebre projeto Manhatan que deu origem às bombas que explodiram em Hiroshima e Nagasaqui e que tornaram o Mundo extremamente perigoso para todo o sempre.
Os físicos alemães também iniciaram trabalhos para obterem a fissão ou reação nuclear, mas não descobriram o material isolante que permitia fazer um reator nuclear e manipular os seus componentes à vista sem se apanhar com a radioatividade. Também nos seus cálculos nunca conseguiram determinar o modo como provocar a fissão nuclear.
Quis o destino que os ingleses, julgando os alemães muito adiantados na matéria resolveram fornecer-lhes o segredo do material isolante que era a água pesada explorada na Noruega. Durante a guerra mandaram uma equipe de comandos sabotar o local de onde se aproveitava a água pesada que imediatamente alertou toda a comunidade científica alemã e que antes tinha uma reduzida aplicação como desinfetante e antibiótico primitivo.
Foi uma estupidez que poderia ter causado graves danos ao Reino Unido se Hitler tivesse chegado á posse da bomba.
Os ingleses não precisavam de sabotar a água pesada porque voando por cima das minas alemãs de minérios de Urânio poderia observar a quantidade de Urânio que estava a ser extraída e durante toda a guerra foi quase zero. Além disso, podiam medir do ar as pequenas quantidades de radioatividade que os referidos minérios libertavam e acompanhar o trajeto do mesmo para algum laboratório.
Sabiam pois que nunca foi retirado qualquer quantidade significativa de Urânio das minas da Saxónia. Simplesmente, Hitler não acreditou na possibilidade de se fazer uma bomba nuclear, deixando os físicos mais velhos trabalharem e mobilizando os mais jovens para a tropa alemã.
Curiosamente, o prémio Nobel tem a ver com a guerra, pois resulta da imensa fortuna acumulada pelo sueco Alfred Nobel, inventor do dinamite e de toda a série de explosivos largamente utilizados em duas guerras mundiais que mataram quase 100 milhões de seres humanos.
Em princípio um pacifista nunca devia aceitar um prémio Nobel que ainda hoje é concedido com os dinheiros ganhos pela empresa Dynamit Nobel AG, Nobel Chemie, entre outras, que ainda fornecem explosivos aos mais diversos exércitos.
Informação Ínicial: "O Átomo Quântico" - Edição Especial da revista "National Geographic".
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