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Guerra, Estratégia e Armas



Domingo, 18.09.22

Engenharia do Pensamento - Realismo e Realidade







A Invasão russa da Ucrânia está a ser desde o início um confronto entre defensores de um chamado realismo e a própria realidade, isto para observar a situação no âmbito da engenharia do pensamentos que não é filosofia nem psicologia, mas talvez sociologia dos meios naquilo que o sociólogo alemão Max Weber designava por “paradoxo das consequências”.

Realismo e realidade não são a mesma coisa e posso exprimir isso com um exemplo banal. Putin no seu realismo deveria ter pensado, a Rússia é uma espécie de tubarão e vai abocanhar num instante um pequeno peixe 34 vezes mais pequeno, um robalo ou talvez uma sardinha, a Ucrânia, e acrescentava às suas elucubrações, o cardume é dirigido por um “palhaço” que desprezo como o desprezam os comunistas portugueses.

Selensky foi aconselhado pelo seu chefe dos serviços de informação que deveria ser realista e negociar com Putin porque seria melhor ficar com algo como uma pequena Ucrânia sem acesso ao mar que sem nada e ser fuzilado se os tanques russos T-90 chegassem à Praça Maidan.

O presidente da Ucrânia pode ser tido como um homem que veio do espetáculo mas não é parvo e despediu todo o pessoal realista dos serviços secretos, preferindo aconselhar-se com o general Valeriy Zalozhny a quem entregou o comando das operações militares de defesa da Ucrânia. O “general de ferro” como o chamam é um homem que em julho de 2014 vestiu um colete balístico e foi para frente do Donbass com a sua AK combater os russos. Aprendeu a conhecer as suas incapacidades para o combate porque estavam a lutar por duas minúsculas repúblicas de ficção para alimentar o ego de um autocrata vitalício.

O general é um conhecedor experiente da engenharia da guerra e sabe que não é uma arte, mas um somatório de técnicas.

Em primeiro lugar foi evidente a burrice da escolha do fim do inverno, a data de 24 de fevereiro para iniciar a conquista da Ucrânia quando a neve que cobre em camadas muito altas os campos da Ucrânia está mole e começa a misturar-se com o solo lamacento. Estive na Rússia nesse mês e vi a neve e o gelo castanhos da poluição dos escapes das viaturas. Junto aos lancis ainda gelo muito forte e escorregadio, mais para dentro a neve mole que a partir de uma dada espessura enterra as lagartas dos tanques e rodas dos carros de combate e transporte.

Acima de tudo, o general sabia o que estava dentro de um T-90, o blindado de combate mais poderoso das forças russas. Apesar de terem andado em exercícios na Bielo Rússia durante um mês e meio, os militares russos nada aprenderam e lançaram-se ao ataque sem preparação devida. Os conscritos foram chamados à pressa e os profissionais estavam empenhados em preparar mais homens para o combate. Em março e abril, os russos perderam 650 tanques e os ucranianos 220. Muitos tanques perderam-se porque os condutores não estavam treinados e resvalaram para taludes sem conseguiram sair da estrada 95 e o eixo de ataque russo que pretendia chegar em 72 horas a Kiev para fuzilar Selensky ficou parado na estrada 95 num fila de 65 km sem proteção dos flancos. Os T-90 têm uma poderosa peça de 125 mm destinada ao combate a blindados de batalha principal, mas que não serve para combater valentes ucranianos equipados com lança granadas antitanque russas RPG 7 e as mais moderna Javelin, NLAW, Panzerfaust, etc. A metralhadora ligeira coaxial dos tanques serve para pouco como a metralhadora pesada na torre que deixa o operador de fora. Os russos julgavam-se muito espertos e equiparam os T-80 e T-90 com computadores de bordo e visores ligados a satélites para observarem o campo de batalha. Só que os jovens conscritos viram-se aflitos para funcionarem com o material informático e enquanto procuravam ver alguma coisa já tinham levado com a granada perfuradora de uma arma antitanque. Além disso, os seus comandante disseram que seriam recebidos com flores e doces em Kiev. Os infelizes rapazes em vez dos rebuçados viram os seus tanques perfurados por granadas que mataram muitos deles.

No fim da primavera e no início do verão a situação não se alterou muito. Com perdas muito elevadas os russos pararam a sua ofensiva de combate, limitando-se a bombardear à distância com mísseis de longo alcance que não impediram que a Ucrânia recebesse apoios de fora graças à extrema tenacidade de Selensky A destruição das casas das famílias ucranianas e o massacre de Butcha enfureceu toda a Ucrânia e motivou os militares e os civis que se alistaram para defender a Pátria. Personalidades conhecidas do mundo das artes, desporto e da intelectualidade alistaram-se e sabemos pelos que morreram que assim foi. Do estrangeiro regressou um grande número de ucranianos para combaterem o inimigo russo. Uns jovens operacionais da construção que vieram à minha casa colocar janelas duplas já foram combater na sua terra, disse-me há dias o gerente da empresa. Agora a descoberta da valas comuns com centenas de cadáveres assassinados com mãos atadas e sinais de tortura ainda mais motivou os ucranianos já não para a defesa dessa entidade chamada pátria, mas sim para a defesa das suas vidas particulares e pior ainda quando se sabe que os russos procuram voluntários para a força militar capitalista Wagner entre os criminosos assassino, traficantes que povoam as suas prisões. De psicologia de guerra, o vitalício de Moscovo nada percebe nem é capaz de pensar. Mas é perigoso, pois como dizia o filósofo espanhol Ortega Y Gasset, pior que um malvado é um estúpido que o é durante as 24 horas do dia e da noite.



Foto: T-90 destruído. Circulava na estrada ladeada por arvoredo. Um único e valente ucraniano deu cabo dessa valiosa máquina de guerra utilizada por cobardes russos.












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Rogerio Pires Pereira, Fernando Manuel Costa e 17 outras pessoas




 


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por DD às 09:10


1 comentário

De Anónimo a 18.09.2022 às 09:55

INÚMEROS POVOS AUTÓCTONES DO PLANETA PODERIAM, PERFEITAMENTE, ESTAR A EXPLORAR AS SUAS RIQUEZAS NATURAIS
...
mas foram impedidos de tal
...
devido às inúmeras sabotagens sociológica conduzidas pelos boys e girls da civilização da pilhagem.
.
.
.
A guerra Russia-NATO é a guerra entre:
1- a Liberdade Identitária
2- a Civilização da Pilhagem
.
.
Os boys e girls da civilização da pilhagem não só bloqueiam a introdução da taxa-Tobin (seria utilizada para a formação profissional, e para a formação de empresas autóctones)... como também... protagonizam sanções económicas (estrangulamento económico) contra os povos que não estãp interessados em vender as suas riquezas a multinacionais ocidentais.
.
.
Pois é;
Dois tópicos óbvios que os boys e girls da civilização da pilhagem recusam discutir:
-> discutir condições de segurança para os povos não interessados em vender as suas riquezas a multinacionais...
-> discutir também o seguinte facto: existem muitos muitos povos autóctones que reivindicam a LIBERDADE de explorar as suas riquezas naturais através de empresas autóctones... e que foram impedidos de ter essa liberdade devido às inúmeras SABOTAGENS SOCIOLÓGICAS PROMOVIDAS PELO CIDADÃO DE ROMA OCIDENTAL:
- durante séculos o cidadão de Roma ocidental fabricou, focos de tensão (Iraque, Líbia, etc etc), situações de caos (substituições populacionais, holocaustos massivos de povos autóctones, guerras, revoluções, golpes, corrupção de políticos) em várias regiões do planeta... para que... exactamente, inevitavelmente, fatalmente, exista o mesmo resultado final: no caos... a exploração de riquezas deve ficar na posse de empresas Ocidentais.
.
.
Mais:
Os boys e girls da civilização da pilhagem investem em mercenários tendo em vista o roubo/saque.
.
---> Na Síria usam mercenários (e milícias radicais: os mujahideen): 66 mil barris de petróleo são roubados diariamente à Síria.
---> Na Ucrânia usam os mercenários de Kiev (e milícias radicais: os ukronazis) para saquear a Ucrânia...
Mais: procuram usar os mercenários de Kiev (e a milícia ukronazi) para saquear a Russia, isto é, colocar a Russia entre a espada e a parede, isto é, os mercenários de Kiev foram financiados para criar um foco de tensão:
1- colocar a economia russa num caos, leia-se, estrangular a economia russa, leia-se: cortar o acesso da Russia ao oceano Atlântico.
[nota: depressa inventaram um pretexto para bloquear o transporte doméstico de mercadorias Russia <-> Kaliningrado]
2- caso a Russia intervi-se (o que veio a acontecer): armas da NATO para a Ucrânia e sansões económicas à Russia: o cidadão de Roma Ocidental esperava, assim, colocar a Russia ao nível do tempo de Ieltsin: um caos... e multinacionais ocidentais a fazer compras no caos.
---> etc [Iraque, Líbia, ...].
.
.
.
.
.
P.S.
Urge o SEPARATISMO IDENTITÁRIO
(separatismo-50-50)
.SIM:
-->> na origem da nacionalidade esteve o Ideal de Liberdade Identitário:
- «ter o seu espaço, prosperar ao seu ritmo».
--->>> NÃO, não foi o cidadanismo de Roma!...
.
.
SEPARATISMO 50-50:
- os globalization-lovers, UE-lovers, etc, que fiquem na sua (possuem imensos territórios ao seu jeito)... respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa.
.
-» blog http://separatismo--50--50.blogspot.com

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