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Guerra, Estratégia e Armas



Sábado, 01.10.22

Putin não compreendeu o processo mundial de descolonização e quer manter o velho Império

O Presidente russo, Vladimir Putin, disse esta quinta-feira que os conflitos na ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), incluindo o atual entre a Rússia e a Ucrânia, foram "obviamente" o resultado do "colapso da União Soviética".
"Basta olhar para o que está a acontecer agora entre a Rússia e a Ucrânia, o que está a acontecer nas fronteiras de alguns países da ex-União Soviética. Tudo isso, obviamente, é resultado do colapso da União Soviética", disse o líder russo, durante uma reunião com autoridades dos países membros da Comunidade de Estados Independentes (CEI), que reúne as ex-repúblicas soviéticas.
"Sabemos que o Ocidente está a criar cenários para provocar novos conflitos no espaço da CEI. Mas já temos (conflitos) suficientes", acrescentou Putin.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas -- mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Putin está mentalmente atrasado, ficou no século dezanove. Não sabe que todos os impérios existentes em 1900 colapsaram com a independência de um número enorme de nações. Antes, no século XVIII colapsaram os impérios dos europeus na América do Sul como o Brasil, Argentina, Chile, Colómbia, etc. que se tornaram independentes. Uma das primeiras colónias a tornar-se independente de uma metrópole europeia deu origem aos Estados Unidos da América depois de um guerra relativamente intensa.
A União Soviética ajudou muito a esse colapso e forneceu armas para que os movimentos de libertação das colónias portuguesas levassem ao fim do império português. O maior de todos os impérios, o britânico "colapsou" voluntariamente pela independência oferecida por Londres às suas enormes colónias como a Índia, Paquistão, Malásia, Quénia África do Sul e muitas das nações africanas. A França libertou livremente as suas colónias subsaarianas e manteve uma guerra na Argélia porque viviam lá dois milhões de franceses que regressaram à metrópole como regressaram os portugueses residentes em Angola e Moçambique.
O Reino Unido criou uma ligação fictícia com o Canadá, Austrália e Nova Zelândia que são de facto independentes, mas fingem que têm como chefe de Estado o Rei Carlos III. Os chamados governadores são eleitos pelos parlamentos e reina nesses enormes países uma democracia absoluta e totalmente dependente do voto popular dos respetivos habitantes.
Eu escrevi há muitos anos que a independência de S. Tomé e Príncipe é o fim da União Soviética, apesar de não haver nenhuma ligação entre as duas pequenas ilhas e o gigantesco império soviético com quase 25 milhões de km2. Mas, tratava-se do princípio tornado absoluto de que os povos querem ser livres e independentes. O Reino Unido permitiu no século passado a formação da República da Irlanda e manteve a Irlanda do Norte porque a população anglicana não quis. Também manteve Gibraltar porque os residentes em votação totalmente livre e democrática preferiram estar ligados ao Reino Unido. A Escócia já votou e manteve-se por pouco como um dos reinos do Reino Unido.
A Rússia atual domina duas vastas áreas, a sinorussa que forma o grande império das estepes frias da Mongólia com 1,5 milhões de km2 e cerca de 3 milhões de habitantes que em 1696 se tornou estado vassalo da dinastia manchu que governava a China. A 18 de Novembro de 1911 com o apoio das armas russas tornou-se independente. EM 1919, A China retoma o poder naquele império que se liberta do regime feudal chinês em 1921 para se tornar numa República Popular muito ligada aos irmãos soviéticos que em 1950 quiseram tornar a Mongólia numa República Soviética que não avançou. Com o colapso da URSS, a Mongólia tornou-se mais independente e, apesar da parte sul ser habitada por uma população quase chinesa, nunca quis prestar verdadeira vassalagem à China e não o quer hoje à Rússia. A China reivindica a Mongólia como território seu, mas não quis ainda entrar em conflito com a Rússia, apesar de haver na Mongólia imensas riquezas minerais de que a China bem precisa. A Mongólia abriu-se à economia de mercado e procura ligações com o Japão, Coreia do Sul e até com os EUA porque teme o vizinho chinês de que foi vassalo durante séculos.
Há ainda a Ásia Central turcoménica denominado por alguns geógrafos de Turquestão que não é nação, mas várias como o Kazaquestão, o Uzbequistão, o Turcomenistão, o Kirguistão, o Azerbeijão. A influência turca é grande sob o ponto de vista genético e cultural, enquanto a Russa tem mais a ver com o económico através dos oleodutos e gasodutos da Kazprom. Os americanos ainda firmaram alguns contratos de fornecimento de técnicas de exploração petrolífera, mas não passaram daí e desde que saíram do Afeganistão não lhe interessa aquele tabuleiro que é mais jogado entre a China e a Rússia. Na maior parte das anteriores repúblicas soviéticas asiáticas as elites que estavam no poder quiseram manter-se e substituíram apenas o comunismo por nacionalismos diversos e economia oligarca com poder autocrático. Todos os poderes são frágeis, pelo que podem dar origem a convulsões políticas. As classes médias e elitárias querem muito poder e nem sempre é distribuído por todos.
Enfim, o caso Ucrânia é paradigmático e não é por acaso que Putin disse que a guerra é uma consequência do colapso da União Soviética que gerou muitos conflitos, pelo que não procura mais.
Pode ser uma imagem de mapa e texto
 
 
 
Tu, Maria Manuela Costa, José Santos e 14 outras pessoas
 
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por DD às 16:04

Sábado, 01.10.22

A Ucrânia e os Czares de várias cores

A Rússia anexou hoje no papel 120 mil km2 de território ucraniano que não está todo ocupado por forças russas. Esta área corresponde 0,7% da Rússia e Portugal é 76% dessa área.
Até agora, sem ter ocupado todo esse território, morreram 14 mil soldados russos, Putin não se importa, mas o povo russos não é da mesma opinião.

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por DD às 15:58


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