O Erro inicial de Putin foi confundir a Ucrânia com o Afeganistão e julgar que o tipo de assalto de 1979 com paraquedistas e tropas ligeiras aerotransportadas do KGB podia na Ucrânia produzir os mesmos resultados então quase instantâneos.
União Soviética invade o Afeganistão.
Num golpe de Comunistas Marxistas contra um presidente também Comunista, pois em 1978 os marxistas tinham derrubado a monarquia e expulso o rei do poder, colocando o presidente Nour Mohamed Taraki no palácio tornado presidencial. Em Setembro de 1979 o mesmo partido marxista derruba o presidente Taraki e coloca no poder o primeiro ministro Haffizulah Amin.
Em 24 de dezembro de 1979, a União Soviética invadiu o Afeganistão, sob o pretexto de defender o Tratado de Amizade Soviético-Afegão de 1978. À medida que a meia-noite se aproximava, os soviéticos dirigiram-se a Cabul por via aérea com 280 aeronaves e três divisões de quase 8.500 homens cada. Dentro de alguns dias, eles tomaram a capital afegã, mobilizando uma unidade de assalto especial contra o Palácio de Tajberg, sede do governo. Membros do exército afegão leais ao presidente Hafizullah Amin resistiram ferozmente, embora por pouco tempo.
O governo de Amin havia se tornado impopular e instável depois que ter tentado instalar um regime comunista severo, instituindo um governo de partido único e abolindo a constituição afegã. Os muçulmanos do país rejeitaram seu governo e formaram uma força rebelde, os mujahideen. Quando ficou claro que Amin não conseguiria controlar a rebelião, as tropas soviéticas intervieram. Para os soviéticos, a turbulência política naquela nação fronteiriça, que era vista por alguns oficiais como um aliado útil na busca por interesses no Oriente Médio, era inaceitável.
No dia 27 de dezembro, cerca de 700 soldados soviéticos, vestidos em uniformes afegãos, incluindo agentes da KGB e membros das forças especiais, moveram-se para ocupar prédios e instalações militares em Cabul. Como planeado, Hafizullah Amin foi morto por um agente do KGB durante o ataque ao Palácio de Tajberg. No amanhecer de 28 de dezembro de 1979 as operações já estavam completas. Babrak Karmal, líder exilado do Partido Democrático Popular Marxista do Afeganistão (PDPA), foi instalado pelos soviéticos como o novo chefe de governo do país.
Esse foi o início da Guerra do Afeganistão. Durante quase 10 anos, os mujahideen, bem como grupos maoístas menores, travaram uma guerra de guerrilha contra o Exército Soviético e o governo da República Democrática do Afeganistão, principalmente na zona rural. Os mujahideen foram apoiados principalmente pelos Estados Unidos, Arábia Saudita e Paquistão, fazendo com que o conflito estivesse inserido no contexto da Guerra Fria. Entre 562 mil e dois milhões de civis foram mortos e milhões de afegãos fugiram do país como refugiados, principalmente para o Paquistão e o Irã.
A intervenção soviética custou caro à URSS. A guerra civil no Afeganistão resultou em milhares de mortos e prejuízos incalculáveis para os soviéticos. No final da década de 1980, o novo líder soviético Mikhail Gorbachev decidiu que era hora de as tropas do país deixarem o território afegão. Desmoralizadas e sem vitória à vista, as forças soviéticas começaram a retirarem-se em 1988. O último soldado soviético atravessou a fronteira em 15 de fevereiro de 1989.
Cerca de quinze mil soldados soviéticos foram mortos durante o conflito. O impacto a longo prazo da invasão e da guerra foi profundo. Primeiro, os soviéticos nunca se recuperaram da desmoralização e das perdas financeiras, o que contribuiu significativamente para a queda do império soviético em 1991. Segundo, a guerra criou um terreno fértil para o terrorismo e a ascensão de Osama bin Laden.
Em Fevereiro de 2022, as forças aerotransportadas com paraquedistas e blindados ligeiros tentaram uma operação idêntica à de Kabul, assaltando o aeroporto de Gostamel e foram derrotadas pela resistência ucraniana, mesmo depois de chegarem blindados pesados pela estrada 95 que foram liquidados pelas bazucas dos militares ucranianos.