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O Expresso apresentou dois textos em “duelo”, o de Rui Pereira a favor do Serviço Militar Obrigatório e outro de Helena Carreiras contra o mesmo.
Rui Pereira defende o Sim na base da Constituição e na necessidade de educar a juventude para ao patriotismo e defesa da Pátria, apesar da Constituição não ser a favor nem contra, mas relegar a existência do SMO para uma lei da AR.
Pereira diz que em caso de conflito a AR teria de aprovar a lei com “sofreguidão” e que não se deve prescindir de um exército profissional.
A Helena Carreiras diz que os argumentos estratégicos para um SMO estão ausentes e que o serviço militar de uma forma generalista não responde às atuais necessidades militares.
Eu estou de acordo com Helena Carreiras, apesar de que ninguém colocou o problema financeiro em termos militares e atualmente é o mais importante. Há muito coisa mais importante para gastar dinheiro, mesmo até no âmbito de um pequeno exército profissional.
Ter um SMO de 1, 1,5 ou 2 anos é ter dois exércitos e dois quadros de instrutores e oficiais comandantes. Num curto espaço de tempo, dá-se uma recruta geral de tipo soldado de infantaria e uma especialização curta, não ficando muito tempo para o País ter unidades operacionais bem treinadas e equipadas para defesa e intervenção em ações externas com os jovens do SMO.
Sairia imensamente caro ter um SMO sem haver a necessidade da educação cívica já que os jovens não são os de antigamente que vinham da aldeia meio analfabetos, mas frequentam os 12 anos de escolaridade ou quase. Há pouco tempo falei com um GNR dos Grupos de Intervenção muito culto que me disse ter andado no IST a tentar tirar o curso de engenharia física e fez várias cadeiras e que esperava ainda tirar uma licenciatura em física.
Em termos militares só há uma solução, a de um exército pequeno na base de três brigadas profissionais e mais bem pagas e equipadas que as atuais.
Ter SMO e não possuir uma só bateria de mísseis antiaéreos de médio alcance, isto para não falar de longo alcance é quase anedótico. Temos umas coisinhas de curto alcance. Os 19 F-16 não dão para uma eficiente defesa aérea. Mesmo os aquartelamentos de Tancos e Santa Margarida e outros não possuem abrigos suficiente contra quaisquer ataques aéreos que seria algo que deveria ter sido construído ao longo de décadas sem grandes despesas. Nem os paióis de munições estavam devidamente protegidos como é do conhecimento geral.
Para além disso, o exército possui as velhas G-3 com mais de 50 anos com calibre 7,62x51 posto de lado pela NATO. Há, contudo, alguns pequenos lotes de armas de calibre Nato atual de 5,56 mm como são a Galil, uma cópia israelita da AK-47 russa, e SG 501 suíça e cara. Saliente-se que, neste momento, a Nato não tem mais a certeza que o calibre 5,56 mm é o mais adequado, apesar de ser mais leve e permitir ao militar levar mais balas, mas parece que matam muito pouco e não perfuram os coletes balísticos.
A situação estratégica de Portugal é a de que não enfrentar um perigo militar evidente e o País participa numa Aliança no âmbito de uma Europa não muito armada, mas poderosa em termos financeiros e industriais. Sem o Brexit a União Europeia tem 7% da população mundial e 25% do Pib de todo o Planeta com engenharia suficiente para fabricar rapidamente qualquer tipo de arma e consta que, mesmo com o Brexit, o exército inglês instalado na margens do Reno na Alemanha não deverá sair, dado que está integrado no dipositivo de forças da Nato e mesmo que Trump consiga acabar com a Nato, a Alemanha, o Reino Unido, a França e outras nações vão manter uma aliança na qual, certamente, Portugal e a Espanha também farão parte, entre outros países.
Se os europeus estão a envelhecer, o mesmo sucede com a Rússia e a China. Ambas as potências terão dentro uma a duas décadas mais de 50% da população com idade superior aos 60 anos. Os EUA têm uma população mais jovem graças à emigração de mexicanos e outros sul americanos que o Trump não quer deixar entrar e mesmo expulsar. As crianças mexicanas tão mal tratadas por Trump seriam uns bons americanos do futuro.
Por isso, anda toda a gente a criar robots de combate sob a forma de drones e até tanques e navios sem guarnições, o que significa que as Forças Armadas carecem cada vez mais de pessoal instruído e capaz.
Portugal deve concentrar-se nas forças profissionalizadas, alargando o tempo de permanência nas diversas armas e, permitindo, a subida a postos mais elevados. Assim, os oficiais do quadro dos contratados que atualmente só são admitidos jovens já com uma licenciatura, pelo menos, deverão poder chegar a tenente coronel e ir para a Academia Militar, resolvendo o problema do eterno conflito entre milicianos (agora contratados) e pessoal do quadro permanente. Há a ideia de prolongar o tempo de permanência dos contratados para 18 anos.
Desde 2017 e antes mesmo, está-se em vias de lançar um concurso para equipar o exército com o seguinte material novo:
As 15.320 armas e peças complementares vão custar quase 43 milhões de euros e o pagamento dessa fatura será dividido em vários anos. Prevê-se que a última parcela, e a mais pesada, seja paga em 2022, no valor de 13,4 milhões de euros.
As cerca de 15 mil armas a comprar vão servir, de acordo com o ministro da Defesa, para colocar o Exército em linha com as forças militares de outros países. E, num universo de aproximadamente 28 mil militares, o Exército será o grande beneficiário desta compra.
Mesmo assim, as G-3 continuarão a ser utilizadas para treino.
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