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A possibilidade de abater drones é hoje um problema para todos os ramos das Forças Armadas nacionais e estrangeiras. Como é habitual, os americanos devem estudar a solução mais cara e complexa. Talvez em drones anti-drone comandados por sistemas de inteligência artificial ou mísseis para abater drones.
Em Portugal, a marinha alvitrou a hipóteses de utilizar caçadeiras de canos cerrados, as quais lançam um cone invertido de chumbinhos muito dispersos. Só que o alcance de uma arma deste tipo não vai além dos 50 a 70 metros. A caçadeira de canos normais tem um alcance que pode ultrapassar os 100 metros que é ainda pouco. A metralhadora ligeira não parece grande solução.
Talvez se consiga inventar uma arma tipo caçadeira com cartucho cheio de chumbos e um alcance muito superior ao das armas civis de caça ou tiro aos pratos. Não me parece difícil construir caçadeiras com canos mais resistentes e cartuchos com mais pólvora de modo a alcançarem 400 a 500 metros ou mais e um esquema operativo na base de vários atiradores a dispararem em simultâneo ou quase e as armas equipadas com visores óticos para melhorarem a pontaria a maiores distâncias. Assim, o drone encontraria uma densa barreira de chumbos com grande probabilidade de acertarem.
A esse propósito diz o DN:
Num recente exercício naval, um drone comercial adquirido por menos de 800 euros conseguiu evitar os radares e sistemas de armas dos navios de guerra, que custam centenas de milhões de euros, que operavam junto de uma cidade portuária na costa portuguesa.
No que foi o primeiro teste de um ataque com drones a uma força naval localizada próximo de áreas densamente povoadas, onde as chamadas regras de empenhamento impunham limitações de recurso às armas automáticas de grande calibre (para evitar vítimas civis) e de contramedidas eletrónicas (para não afetar as redes digitais civis), o exercício militar Swordfish 2018 revelou o elevado grau de ameaça militar que atualmente representam os aparelhos não tripulados mesmo pouco complexos.
A informação foi dada esta terça-feira pelo comandante naval, vice-almirante Gouveia e Melo, durante a visita do ministro da Defesa e do secretário de Estado da Defesa à fragata D. Francisco de Almeida, o navio chefe da força - 12 navios, 11 aeronaves, 2381 militares - de cinco países (Portugal, Espanha, França, Reino Unido e Itália) que participam naquele grande exercício bienal ao largo de Setúbal.
O exercício conjunto (diferentes ramos) e combinado (com vários países) simulou a resposta a uma situação de crise, em que as Nações Unidas mandataram uma força militar multinacional para responder ao apelo de um Estado falhado, com dissidentes apoiados pela potência hegemónica na região e que se opõe à operação internacional de embargo e estabilização.
Enquanto se ouvia um oficial na ponte da fragata dar uma ordem de "máquinas avante 120", após um sobrevoo de dois caças F-16 e a passagem em voo rasante de uma aeronave de patrulhamento marítimo a lançar uma sonobóia para localizar um submarino inimigo, o comandante da força militar, comandante Diogo Arroteia, explicou ao DN que o exercício com os drones constituiu "uma primeira experimentação" para verificar se era possível destruir um drone com armamento ligeiro.
Mesmo num ambiente eletromagnético "muito saturado" com a utilização dos radares - de aviso, defesa aérea, navegação - dos 12 navios, a incapacidade de abater um drone com cerca de metro e meio de largura e uns 80 centímetros de comprimento explica-se com a sua pequena dimensão e uma movimentação muito rápida.
Solução para uma ameaça de deteção visual e a cerca de 1500 metros de distância? "Talvez uma caçadeira de canos serrados", admitiu Diogo Arroteia, frisando que estudar e encontrar essas respostas vão ser os próximos passos desta lição identificada.
Para o ministro Azeredo Lopes, com o Swordfish 2018 "fica provado que temos de estar sempre a trabalhar para estarmos sempre preparados, fica provado que é impossível assegurarmos o que quer que seja se não trabalharmos em conjunto com os amigos e aliados, e também fica provado que temos uma excelente Marinha e uma capacidade de pensar exercícios complexos e onde se testam as respostas aos mais recentes riscos e ameaças".
Neste caso, foi possível "testar a capacidade defensiva perante drones que podem ser muito baratos mas também muito eficientes", alertou o governante, realçando a participação no Swordfish de países com "uma tradição de defesa muito europeia e baseada num princípio de segurança coletiva".
Exemplo disso foi o do desembarque anfíbio lançado por fuzileiros portugueses a partir de um navio polivalente logístico espanhol.
A ciberdefesa foi outra componente treinada pela primeira vez pela Marinha num exercício desta dimensão, com os ataques cibernéticos a obrigarem as guarnições a combater com meios alternativos às redes informáticas, referiu Gouveia e Melo.
O comandante da Marinha, almirante Mendes Calado, destacou a importância da "capacidade de comando e controlo" dos múltiplos meios de diferentes países presentes no teatro de operações por parte do ramo, revelando como "por trás está imenso treino, imensa coordenação e imenso esforço".
Demonstração de desembarque anfíbio, operação de submarinos, defesa aérea e de assalto a uma embarcação - que "fazemos com grande frequência nas nossas operações [militares] de rotina", disse o almirante - foram algumas das capacidades destacadas por Mendes Calado para garantir que o ramo opere em segurança.
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